Temos que sair do Egito e tirar o Egito de dentro! Para sair,
enfrentamos pelo menos cinco tentativas que o Egito usa para nos manter
presos, todas expressas nas palavras de faraó.
A primeira luta externa foi impondo ao
povo a tarefa de "ajuntar palha" (Êxodo 05. 07, 08a).
Representando a
sobrecarga em nossa vida de atividades e trabalhos inúteis que roubam
nosso tempo para as coisas que têm verdadeiro valor, ao que podemos
chamar de ATIVISMO.
A segunda luta externa é contra o SINCRETISMO.
Preste atenção nas palavras de faraó: "vão oferecer sacrifícios ao seu Deus, porém façam isso aqui mesmo, no Egito" (Êxodo 08. 25 - NTLH).
Há uma clara intenção de intervir no culto a Deus. Cultuar a Deus
dentro do Egito significa misturar-se às práticas de outras religiões ou
filosofias estranhas, confusas, idólatras, que tiram a pessoalidade de
Deus, introduzindo feitiçarias no lugar do relacionamento, rituais
mágicos ao invés de busca de uma vida coerente com a santidade de Deus.
Por causa do sincretismo é introduzido o uso supersticioso de objetos
ungidos e santificados, água consagrada, relíquias, copo d'água, rosa
ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, óleos de Jerusalém, água do
Jordão, trombetas de Gideão, cajado de Moisés, indulgências disfarçadas,
amuletos, imagens de escultura.
Enfim, a criatividade usada
para manter-nos no Egito não tem limites. Definitivamente, não dá pra
servir a dois senhores (Mateus 06. 24) e nenhum objeto jamais substituirá o
relacionamento desejável com Deus mediado única e exclusivamente por
Cristo (1º Timóteo 02. 05). Também o sincretismo introduz vícios na oração,
às vezes como o pagão que dá ordem aos deuses e quer manter o controle
da ação; às vezes como o hindu que se entrega passivamente à fatalidade,
sendo controlado pela ação.
A Bíblia nos ensina que a oração é o
convite que o Senhor nos faz para nos relacionarmos com ele e
participarmos da ação que ele iniciou. Não comandamos Deus, nem nos
anulamos, mas nos envolvemos ativamente no curso da história. Precisamos
ser libertos de todo o tipo de sincretismo em nossas vidas e em toda
expressão de culto a Deus. Mas o desafio é grande, pois não podemos nos
fundir ao Egito, a fim de não perder nossa identidade, nem nos isolar
das pessoas que ainda habitam esse Egito, para não perder nossa
relevância.
Quando o sincretismo alcança o nível da pregação,
ou seja, quando o próprio púlpito torna-se proclamador da adoração a
outros deuses, aí significa a institucionalização do desvio. O púlpito
deve ser libertador e comprometido com a verdade do evangelho, e não
refém, sem lucidez e discernimento. Mas a boa notícia é que o próprio
Senhor sempre guardou pessoas que não se inclinaram aos deuses deste
século (Romanos 11. 04).
Rebeldia: Luta interior
Façamos
agora um parênteses para introduzir o primeiro item que temos que tirar
de dentro de nós, mesmo quando já saímos do Egito. A primeira luta
interior chama-se rebeldia e está expressa tanto na
história de Miriã e Arão (Números 12), quanto na revolta coordenada por
Corá e mais 250 líderes em Israel (Números 16) quando se levantaram
contra a autoridade de Moisés. O fato é que a experiência no Egito tinha
deixado traumas profundos do abuso e exploração do poder e autoridade.
Havia razão de sobra nessa história de opressão para não mais confiar em
qualquer pessoa colocada em um posto de autoridade. De verdade, os
rebeldes tiveram por ambição tomar o lugar do líder.
Mas o que
não entenderam é que Deus havia preparado Moisés para essa posição. Sua
liderança era ônus e não bônus, serviço e não exploração, doação e não
recepção de benesses. Assim também em nossas vidas, mesmo quando saímos
do Egito, podemos carregar o pensamento que todo o tipo de autoridade
deve ser rejeitada, assim como Faraó. É necessário tirar essa marca do
Egito de dentro de nós e resgatarmos a aceitação e apoio às lideranças
que Deus mesmo levanta sobre nossas vidas no ambiente da família (Efésios 06. 02), no trabalho (Efésios 06. 05-09), na vida civil (Romanos 13. 01-04) e também na igreja (Hebreus 13. 07, 17).
Devemos respeitar, orar e trabalhar em conjunto com nossos líderes.
A
boa notícia é que Deus enviou o libertador. Moisés é uma figura de
Cristo, nosso grande libertador. Podemos descansar na verdade que, não
importa o tamanho da força do Egito e da voracidade de Faraó, "se o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres" (João 08. 36 - NTLH). Afinal, nosso Pai continua determinando: deixa meu povo ir!
AUTOR: Rodolfo Garcia Montosa