“Vendo Jesus uma figueira à beira do caminho, aproximou-se
dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça
fruto de ti! E a figueira secou imediatamente." (Mateus 21:19)
Este foi um dos milagres mais surpreendentes feitos por Jesus em seu
ministério. Mais do que a manifestação sobrenatural de fazer uma
figueira secar imediatamente, o inesperado foi o fato de essa ter sido
sua única operação para a morte. Ele que estava sempre promovendo a
vida, curando os enfermos, fazendo o bem por toda parte, de repente
descarrega uma palavra de juízo sobre uma planta e ela definha, morre.
Porque Jesus fez isso? Certamente não foi uma descarga de mau humor.
Jesus era homem santo, controlado pelo Espírito. Não usaria o poder de
Deus para dar ocasião à carne. Tampouco operaria no sobranatural por
puro exibicionismo. Seus milagres sempre tinham um propósito. Qual teria
sido, então, sua motivação ao proferir juízo contra aquela figueira à
beira do caminho? Teria isso uma justificativa?
Eu não tenho nenhuma dúvida de que o Senhor estava escrevendo uma
mensagem para todas as gerações, inclusive para nós. Seu propósito foi
dizer de uma maneira chocante: “Eu não tolero a falta de frutos. A
aparência religiosa sem resultados, não apenas me decepciona, mas me
ofende”.
Essa mensagem que sugiro por trás do milagre está em consonância com
tudo o que lemos na Bíblia. O Senhor nos criou com o propósito de
frutificarmos. Suas primeiras palavras aos ouvidos do homem, criado no
Éden, foram: “Crescei, multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a” (Gn. 01:28). Imagine, por uma eternidade Ele esperou este momento. Esteve
calado até que pudesse falar a alguém que lhe fosse à imagem e
semelhança. Essa ordem estava “entalada” na garganta do Todo-Poderoso
desde antes da fundação do mundo. E quando, finalmente, Ele teve diante
de Si ouvidos que pudessem ouvir e corresponder, expressou o desejo do
seu coração para o homem. Esses quatro verbos (crescer, multiplicar,
encher e dominar) resumem o processo a que podemos chamar de
frutificação.
A necessidade vital de que todo crente frutifique, gerando
outras vidas para o reino de Deus, não foi transmitida apenas de forma
subliminar na “maldição da figueira”. Jesus falou disso explicitamente e
várias vezes. Em João 15:16, Ele disse: “Não fostes vós que me
escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos
designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim
de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda”. Fica
exposto nessas palavras o propósito pelo qual fomos escolhidos e
ordenados. E como se não bastasse o argumento de que estamos sendo
infiéis ao nosso chamado quando não nos reproduzimos, o Mestre nos diz
também que o sucesso da nossa vida de oração depende dos resultados da
nossa frutificação.
Muitos se apresentam como seguidores de Jesus. Entretanto,
Ele mesmo estabeleceu um padrão de autenticidade para esta
identificação: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e
assim vos tornareis meus discípulos” (Jo. 15:08). Podemos cantar, ofertar,
dançar e fazer muitas coisas religiosas, mas se em última instância o
que fazemos não redunda em novos frutos, não estamos de fato
glorificando a Deus e nem temos legitimidade para ser conhecidos como
discípulos de Cristo.
Essa verdade costuma ser rejeitada por aqueles que querem
apenas uma vida religiosa, de bela aparência, mas nenhuma frutificação.
Numa das parábolas que contou, Jesus denuncia esta postura e deixa claro
que ela não ficará impune. Em Mateus 21:33-41, Ele apresenta Deus como
um lavrador que envia servos para cobrarem os frutos e são rejeitados
com violência pelos trabalhadores da vinha. Depois, ele envia seu
próprio filho, com o mesmo propósito de receber os frutos, mas este
também é agredido. O final da parábola aponta o veredito para todos os
que se negam a apresentar frutos diante dos mensageiros de Deus e do
próprio Jesus: “Fará perecer horrivelmente a estes malvados e arrendará a
vinha a outros lavradores que lhe remetam os frutos nos seus devidos
tempos” (vs. 41).
Outra parábola que trata de forma séria com a esterilidade
espiritual é o do joio e do trigo, narrada Mateus 13:24-30. Ao comparar
essas duas plantas, Ele está fazendo uma analogia entre os verdadeiros
discípulos e o que querem ser somente religiosos. O joio e o trigo são
absolutamente parecidos, a não ser por um aspecto: o trigo, no tempo da
colheita, produz fruto e o joio não. Um será recolhido nos celeiros de
Deus e o outro será destinado ao fogo... Uma mensagem séria, que deve
nos levar a uma profunda reflexão.
Esses e muitos outros argumentos bíblicos precisam produzir
em nós uma atitude. Não podemos ficar brincando de religião, cantando
nossas músicas bonitas, fazendo nossas coreografias, mas negando-nos a
investir no que o Senhor mais ama: vidas!
Nossa resposta ao propósito eterno de Deus determinará, mais
cedo ou mais tarde, de uma maneira ou de outra, o nosso fim. Podemos
terminar secos como a figueira amaldiçoada à beira do caminho ou podemos
dar a Cristo o que Ele tanto busca: muitos filhos na fé. Afinal, Ele
disse: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, o Pai o corta; e
todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda” (Jo 15:02).
AUTOR: Pastor Danilo Figueira