Nas férias, li um artigo muito interessante intitulado ‘bread or stone' (pão ou pedra). O que mais me chamou a atenção foi o modo como o autor lidou com o tema ‘tomada de decisões'. Utilizando a figura do pão e da pedra, ele trabalhou duas idéias básicas. A primeira é a de que a grande maioria dos líderes gosta de tomar decisões do tipo ‘pão' (aquelas que ‘alimentam' o grupo gerando contentamento e que são de fácil digestão).
Liderados gostam desse tipo de decisão e chegam a aplaudir seus líderes quando estes a tomam. Esses líderes se esquecem, porém, de onde vem o pão: da farinha! Decisões desse tipo, em geral, não servem para construirmos grandes ações no Reino. Apesar de agradar a maioria, a curto prazo, acabam se tornando ineficientes e prejudiciais ao grupo.
Por outro lado, existem decisões do tipo ‘pedra' (são aquelas ‘duras de engolir' e que ‘não servem de travesseiro'). A grande maioria dos liderados detesta quando o líder toma uma decisão assim e, em geral, reclama, tentando transformar a ‘pedra' em ‘pão'. Dizem que o líder é ‘duro demais' ou então que não tem ‘jogo de cintura'. A questão é que com pedras podemos construir alicerces que no futuro darão segurança e estabilidade a nossos investimentos no Reino de Deus.
Sempre esbarraremos em ‘pedras e pães'. Precisamos de sabedoria para não nos deixarmos influenciar por nossos expectadores e darmos o pão na hora errada ou oferecermos a pedra quando os alicerces já estão construídos. E é aqui que entra o discernimento. Sem ele temos de tudo para errar, mas com ele o acerto já é garantido. Na prática, o discernimento seria a arte de dar pão e pedra de acordo com as necessidades do Reino. Como descobrir isso? Precisamos de intimidade com Deus para ouvirmos a voz do Espírito Santo mas também de avaliação honesta, crítica e profunda sobre a situação. Não podemos ser dirigidos por comentários infundados, opiniões que não expressam a realidade ou então provocações de nossa carnalidade. Com discernimento, poderemos agir motivados pelo que é certo e não pelo que é simpático; pelo que é proveitoso para o Reino e não proveitoso para um pequeno grupo de pessoas; pelo que é melhor a longo prazo e não apenas melhor para um momento.
Pensando neste tema, lembrei das palavras de Jesus "não só de pão viverá o homem..." e "sobre essa pedra edificarei minha Igreja'. É mais fácil carregar e distribuir pães do que pedras. E aí mora o perigo: fazermos o mais fácil. Quem quer produzir pão precisa primeiro construir sua padaria, e aí entra a figura da pedra que dá a solidez para construção e pode ser utilizada até mesmo para erguer as paredes. Nossas decisões devem priorizar a solidez e o correto. Se os pães puderem ser utilizados depois, então, que nós os distribuamos. Alimentar o liderado não é o bastante: precisamos dar-lhe uma base sólida para que ele tenha onde se abrigar nas tempestades da vida.
Que descubramos como carregar e distribuir pedras para a edificação. E que após isso tenhamos a alegria de entregar muitos pães, quentinhos e saborosos, que, com certeza, gerarão satisfação a todos.
REFLEXÃO
1. Você está diante de decisões do tipo ‘pedra e pão?
2. Com discernimento, qual é a decisão ideal para esse momento?
3. Sua liderança tem sido marcada pela solidez ou apenas pela simpatia?
4. Você tem construindo um ministério sólido, mesmo quando algumas decisões desagradam seus liderados?
5. Você é guiado pelo discernimento ou pelos apelos emocionais de um grande ou pequeno grupo?
6. Deus tem te dado pedras ou pães para a distribuição?
Só um lembrete: pedra não é espinho. É possível entregar pedras sem ferir ninguém. Por outro lado, pão, depois de algum tempo, pode se tornar duro como uma pedra.
Que Deus nos dê sabedoria nas decisões.
AUTOR: Guilherme Ávilla Gimenez
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