Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E
certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma
irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a
ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro,
ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse:
Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a
servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.
Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com
muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa;
Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. (Lucas 10.38-42).
Vivemos uma geração com dificuldade de estabelecer limites em vários
sentidos. A casa do cristão tem sofrido as consequências disso. Parece
que nossos muros de casa foram derrubados e passamos a ser invadidos.
Onde deveria ser lugar de refúgio e descanso, tem sido lugar de stress,
ansiedade e agitação. Mas, quando Jesus é convidado para entrar em nossa
casa, tudo muda.
Em primeiro lugar, Jesus transforma nossa casa em lugar de
descanso físico (do trabalho). É muito interessante ler o primeiro livro
do pentateuco e notar que o próprio Deus descansou: E, havendo Deus
terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de
toda a sua obra que tinha feito. (Gênesis 2.2). O descanso é, portanto,
um invento divino desde a criação do mundo. Bom ressaltar que descanso
não é preguiça, indolência, inação. Descanso acontece após o trabalho.
Isso é levado tão à sério por Deus que se tornou uma diretriz dada
através de Moisés: Seis dias trabalharás, mas, ao sétimo dia,
descansarás, quer na aradura, quer na sega (Êxodo 34.21; Levítico 23.3)
E isso deveria ser feito coletivamente e anunciado publicamente: Fala
aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis
descanso solene, memorial, com sonidos de trombetas, santa convocação
(Levítico 23.24). A intenção de Deus era tão intensa que a arca da
Aliança do Senhor ia adiante deles caminho de três dias, para lhes
deparar lugar de descanso (Números 10.33).Na visita de Jesus, a primeira
observação é para Marta descansar do seu trabalho. A casa do cristão
deve ser esse lugar.
Além de perceber a necessidade do descanso físico do trabalho, Jesus
percebeu que a agitação e inquietude de Marta indicava a necessidade de
aprender que a casa é lugar de descanso espiritual (das lutas). Eles
enfrentariam grandes lutas espirituais com a morte de Lázaro (João 11)
e, depois, com as ameaças de morte dos líderes religiosos (João 12.2). O
melhor a fazer em casa é nos assentarmos aos pés de Jesus e deixarmos
que suas palavras ministrem nossa fé e confiança, arrancando os medos.
Ele venceu nossos inimigos para cumprir a promessa do Senhor: Mas
passareis o Jordão e habitareis na terra que vos fará herdar o Senhor,
vosso Deus; e vos dará descanso de todos os vossos inimigos em redor, e
morareis seguros (Deuteronômio 12.10).
Jesus ensina, também, que nossa casa deve ser lugar de descanso
emocional (da alma). A preocupação deve cessar para dar lugar às
conversas mais agradáveis da vida. Suas visitas sempre envolviam
conversas longas, prazerosas, cheias de ensino e manifestação de carinho
e respeito. Contavam suas histórias um ao outro, faziam refeições
juntos, abriam seus corações falando de suas alegrias e angústias.
Deixavam-se relacionar simplesmente pelo prazer de estarem juntos. Jesus
até havia ensinado que aqueles encontros não deviam ser muito
carregados de tarefas e preparativos que muitas vezes atrapalham, mas
deveriam priorizar o tempo na essência de uma boa e franca conversa.
E como aquela orientação foi marcante. A casa de Marta, Maria e Lázaro
tornou-se esse lugar ao ponto de, uma semana antes de morrer, Jesus
decidiu passar por Betânia para ter esse tempo de descanso na alma (João
12.1-3). A qualidade de descanso foi tão intensa que, depois de uma
agradável Ceia juntos, Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo
puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus
cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo (João 12.3).
O Senhor Jesus está à porta disposto a entrar em nossas casas. Se
ouvirmos sua voz e abrirmos a porta, Ele entrará em nossas casas para
estar junto de nós (Apocalipse 3.20). Ali ele trará alívio a todos os
que estão cansados e sobrecarregados, ministrando sobre nós sua mansidão
e humildade. E acharemos descanso. Com Jesus em casa, a casa do cristão
torna-se lugar de descanso.
AUTOR: Rodolfo Garcia Montosa
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