Embora fossem majoritariamente
evangélicos em sua origem, os EUA não privilegiam hoje o evangelicalismo e o
governo americano claramente o desfavorece. Nas leis de liberdade religiosa dos
EUA, todas as religiões são iguais. Assim, o evangelicalismo que fundou os EUA
está oficialmente no mesmo nível do islamismo, do hinduísmo, do catolicismo, da
bruxaria, etc.
De acordo com esse sistema
americano de igualdade, oficialmente Jesus Cristo está no mesmo nível de Maomé,
Belzebu e Satanás. Aliás, nas escolas americanas você pode rezar a Satanás e
recitar o Corão islâmico, mas você não pode orar a Jesus Cristo nem recitar a
Bíblia.
De acordo com esse sistema, o
governo americano não pode honrar sua fundação evangélica acima do islamismo,
hinduísmo, catolicismo, bruxaria, etc. Se o governo americano quiser parceria
religiosa, não pode dar preferência ao evangelicalismo. É obrigado a dar
parceria igual ao islamismo, hinduísmo, catolicismo, bruxaria, etc.
Na Rússia, que é o maior país
cristão ortodoxo do mundo, não existe essa igualdade. A Igreja Cristã Ortodoxa
é reconhecida pelo governo russo como a maior religião cristã da Rússia.
Católicos e evangélicos, que são dois por cento da população russa, são
cidadãos religiosos de segunda classe. Os ortodoxos têm lá suas razões para
fazer isso com os católicos, considerando que o Vaticano sempre hostilizou a
Igreja Ortodoxa, vendo-a como rival de sua supremacia.
Os ortodoxos parecem guardar
mágoas contra os católicos por causa de uma invasão de cruzados católicos em
Constantinopla, que era a capital da Igreja Ortodoxa. Constantinopla foi
saqueada, estuprada e vitimada por causa desse ódio antigo. Embora seu foco
tivesse sido em grande parte nos muçulmanos, as Cruzadas católicas vitimaram
também multidões de inocentes judeus e cristãos ortodoxos. Mas os evangélicos
nunca agiram assim com os cristãos ortodoxos. Daí, os ortodoxos não deveriam
colocar os evangélicos na Rússia como cidadãos religiosos de segunda categoria.
O
Brasil imita os EUA em liberdade religiosa. Nas recentes Olímpiadas no Brasil,
o jogador Neymar, que é um evangélico nominal, foi criticado pelo Comitê
Olímpico por usar uma faixa escrita “100% JESUS.” Mas o mesmo Comitê Olímpico
não criticou o encerramento oficial das Olímpiadas, o qual mostrou
mães-de-santo e uma glorificação descarada das religiões afro-brasileiras.
Muitos
cristãos protestaram que isso foi discriminação. Mas o que eles queriam? Eles
queriam que o mesmo respeito e consideração dados aos demônios fossem
igualmente dados a Jesus? Eles queriam que Jesus fosse igualado aos demônios?
Na
democracia de igualdade, Jesus não é melhor do que um orixá ou Satanás. No
Jornalismo da TV Cultura em 20 de agosto de 2015, o historiador Leandro Karnal
disse: “Se é proibido debochar ou insultar religiões, uma questão que está
sendo discutida no Rio de Janeiro, vamos lembrar que satanismo também é
religião e quando um pastor começar a mandar sair o demônio de alguém, a gente
pode multá-lo porque ele está insultando a fé do satanista, já que o demônio
também gera uma religião. Quem quiser atacar o demônio, chicotear o demônio
também tem de ser multado porque está insultando a fé em Satanás”.
Muitos
podem achar que a luta pela igualdade legal é útil, mas está trazendo mais
direitos para Satanás e seus demônios e não glorifica Jesus, e glorificar Jesus
é a missão mais importante do cristão. A missão do cristão não é lutar para que
Jesus tenha, na democracia, o mesmo valor de Satanás e seus demônios.
Quer
as leis reconheçam isso ou não, Jesus está acima dos orixás e de Satanás, que
são criaturas caídas condenadas ao inferno. Jesus não é criatura. Ele é o
Criador e Senhor. É blasfêmia concordar com leis que igualam criaturas caídas
com o Senhor que cria, salva e transforma.
Não gosto do sistema americano
atual que nivela Jesus com Belzebu. Se ressuscitasse hoje, George Washington, o
primeiro presidente dos EUA, lutaria contra esse sistema, pois ele era
favorável à prática, comum no início dos EUA, de que todo político, para ser
empossado, deveria declarar juramento, com a mão na Bíblia, de que cria na
Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
E não gosto do sistema russo
que coloca a Igreja Ortodoxa como uma igreja cristã acima das igrejas
evangélicas. Mas o sistema atual dos EUA parece muito pior.
Contudo, se os EUA acham o
sistema da Rússia pior, por que não criticam também Israel? Assim como na
Rússia, os evangélicos em Israel não são mais que 2 por cento. O Centro de
Pesquisa Pew nos EUA identificou Israel como um dos países que coloca
restrições elevadas nas religiões. O Pew disse:
“Mas a
lista de países com restrições elevadas também contém alguns que são amplamente
vistos como democráticos, tais como… Israel. A pontuação elevada de Israel se
deve ao… seu tratamento preferencial aos judeus ortodoxos. O governo reconhece
apenas as autoridades religiosas judias ortodoxas em alguns assuntos de
condição pessoal (tais como casamento) com relação aos judeus e emprega a maior
parte das verbas religiosas para os judeus ortodoxos, ainda que eles
representem apenas uma minoria de todos os judeus em Israel”.
Em seu livro “Perseguidos: A
Agressão aos Cristãos” (Thomas Nelson, 2013), Paul Marshall diz:
“Em outro exemplo, em Israel, o proselitismo é
legal enquanto não se oferece benefícios materiais para conversões. Mas
elementos dentro do governo às vezes agem como se esse não fosse o caso.
Pessoas suspeitas de serem missionárias têm vistos negados e às vezes são
presas e obrigadas a pagar fiança e assinar termos de compromisso de não
evangelizar. Ocasionalmente, multidões de pessoas atacam igrejas ou outros
prédios que abrigam conventos”.
Em comparação com os países
islâmicos, Israel oferece muito mais liberdade aos cristãos. Mas em comparação
com os EUA, Israel lhes oferece muito menos liberdade. Aliás, se nos EUA os
judeus fossem tratados como os cristãos são tratados em Israel, haveria queixas
de “antissemitismo”.
A mesma realidade se aplica à
Rússia. Em comparação com os países islâmicos, a Rússia oferece muito mais
liberdade aos cristãos. Mas assim como Israel protege e privilegia sua religião
principal, a Rússia faz a mesma coisa pela Igreja Ortodoxa Russa.
Portanto, a histeria da mídia
americana contra a Rússia é sem base. Quando a Rússia estabelece alguma
restrição para atividades religiosas não registradas, a mídia americana grita
“censura” e “volta da União Soviética.” Mas essa mesma mídia não grita nada
sobre as restrições israelenses às atividades de evangelismo cristão em Israel.
Aliás, fica em silêncio.
A mídia americana, que faz
muito estardalhaço com a Rússia, não faz o mesmo estardalhaço com a Arábia
Saudita, que mata cristãos e proíbe a Bíblia e cultos. A única diferença parece
ser que a Rússia é inimiga política dos EUA e a Arábia Saudita é oficialmente
“amiga.” Exatamente como Israel, a Rússia não assassina cristãos e não proíbe a
Bíblia e reuniões de adoração registradas.
Evidentemente, todos esses
países precisam de uma mudança poderosa.
Israel precisa de um
avivamento, para viver as maravilhas do Messias Jesus Cristo.
A Rússia precisa de um
avivamento, parar entender que melhor que a Igreja Ortodoxa Russa é viver para
Jesus Cristo.
Os
EUA e o Brasil precisam de um avivamento, para pararem de igualar Jesus e
Satanás e colocá-los no mesmo nível em suas leis de liberdade religiosa.
O autor do livro “The Pink
Swastika” (A Suástica Rosa) Scott Lively, que conhece muito bem os desafios de
liberdade religiosa nos EUA e Rússia, ofereceu seu comentário para meu blog:
“Neste
conflito antiquíssimo de grupos doutrinários, é importante reconhecer que todas
as denominações e instituições eclesiásticas não conseguem plenamente refletir
‘O Caminho do Messias’ conforme ensina a Bíblia inteira. Qualquer movimento ou
instituição religiosa que tenha a pretensão de falar em nome de Deus ou
fornecer ‘a única via verdadeira’ de comunhão com Ele comete o pecado da
arrogância. Nenhum dos apóstolos afirmou ser portador de infalibilidade e suas
perspectivas variavam amplamente, resolvendo suas diferenças de forma prática
(votando). Paulo tratou da questão de disputas doutrinárias de modo direto em 1
Coríntios, admoestando a igreja a ‘não julgar antes do tempo, mas aguardar até
a vinda do Senhor.’ Enquanto isso, precisamos buscar a unidade espiritual de
TODOS os crentes em Cristo nos pontos em que podemos concordar — inclusive os
judeus fieis à Torá que ainda não reconheceram Jesus como Messias — e abordar
nossas diferenças com amor e humildade”.
AUTOR: Júlio
Severo
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