sexta-feira, 30 de abril de 2010

"TEIMOSIA"


Nem toda teimosia é maléfica e eticamente incorreta. Há uma teimosia santa. É aquela que insiste em acreditar em Deus em toda e qualquer circunstância. Não há maior triunfo do que superar pela fé um transtorno qualquer, de pequena ou longa duração, até que se enxergue a luz no fim do túnel. Além de ser benéfica, essa modalidade de teimosia é uma virtude rara.

Veja-se, por exemplo, a teimosia do profeta Habacuque: “Ainda que as figueiras não produzam frutas, e as parreiras não dêem uvas; ainda que não haja azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda que não haja mais ovelhas nos campos nem gado nos currais, mesmo assim eu darei graças ao Deus Eterno e louvarei a Deus, o meu Senhor” (HC. 03.17 e 18, BLH).

Veja-se também a conhecida e magistral teimosia do salmista: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Sl. 23.04).

A expressão ainda que ou ainda quando, usada por Habacuque e por Davi, é muito enfática. Ela quer dizer que mesmo havendo alguma tragédia, grande ou pequena, isso não pode nem deve perturbar a paz daquele que está firmado no Senhor.

Aquele que é possuído por essa santa teimosia é capaz de adorar a Deus nos momentos humanamente menos indicados. Depois de perder todos os seus bens e os dez filhos, “Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 01.20 e 21). A teimosia do homem da terra de Uz era devida à sua certeza: “Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). O rei Davi comportou-se da mesma maneira: depois da morte do filho, ele “se levantou da terra, lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes, entrou na Casa do Senhor e adorou” (2 Sm. 12.20).

Há certas passagens por demais apertadas pelas quais só conseguiremos passar de cabeça erguida se formos realmente teimosos na fé. É como explica o salmista: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam” (Sl. 46. 01-03).



AUTOR: Rev. Elben M. Lenz César

segunda-feira, 12 de abril de 2010

"O VINHO ACABOU"


É muito singela a história da transformação de 480 litros de água em vinho da melhor qualidade, acontecida durante os festejos de um casamento realizado em Caná da Galiléia, logo no início do ministério de Jesus. Sabedora do constrangimento pelo qual estava passando a família do noivo, a mãe de Jesus se aproximou dele e lhe disse: “O vinho acabou”. Depois, aproximando-se também dos desnorteados serventes lhes ordenou: “Façam o que Ele mandar”. A Jesus, Maria não deu ordem alguma. Apenas comunicou o fato: “Acabou o vinho”.

Aqui está um precioso modelo de oração. Embora Deus saiba de tudo que nos ocorre, é muito saudável mencionar nas preces as diferentes situações embaraçosas que nos acontecem, quase sempre de surpresa.

Em algumas situações, podemos procurar o Senhor e segredar-lhe humildemente: “Acabou o ânimo”, “Acabou o pão”, “Acabou a alegria”, “Acabou a paciência”, “Acabou a esperança”, “Acabaram os recursos”, “Acabou o amor” e assim por diante.

Essas são orações sem rodeio, que mencionam o âmago do problema, corajosas, sinceras, humildes. Essas orações significam uma exposição da alma, da angústia que está até então presa lá dentro. É uma confissão: “Acabou o vinho”.

Uma vez introduzido na questão alheia, Jesus age, dá ordens, toma providências. No caso das bodas de Caná, Ele mandou fazer duas coisas: “Encham de água os seis potes de pedra” e “Tirem um pouco de água destes potes e levem ao dirigente da festa” (Jo 2.1-12). Embora fosse apenas um convidado, e não o noivo nem o pai do noivo, nem o mestre de cerimônias nem um dos serventes, Jesus foi obedecido e a água se transformou em vinho, melhor que o anteriormente servido.

Se Jesus solucionou um problema de etiqueta social, não resolveria problemas mais sérios, envolvendo as necessidades físicas, as necessidades emocionais e as necessidades morais?

Você precisa da bem-aventurada ousadia para confessar sempre que necessário: “Acabou o vinho”!

AUTOR: Elben M. Lenz César