terça-feira, 25 de agosto de 2015

"SONDA-ME, SENHOR!"



Baseado em Salmo 139

Sonda-me, Senhor! Expondo um coração de pastor.

Sonda-me, Senhor, nas profundezas do meu ser! Tu sabes todas as coisas! Nada, absolutamente nada posso esconder do Teu exame profundo. Tu sondas todas as coisas. Estás onde queres estar. A Tua Palavra é viva e eficaz e penetra até a divisão da alma e espírito, discernindo pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12). Enquanto os homens podem ver o meu exterior, Tu me vês por dentro, lá nas entranhas. No recôndito da minha alma. Tu conheces as intenções do meu fraco coração. Tu examinas perfeitamente os porões do meu subconsciente. Trazes à tona o que preciso confessar. 

Engano-me pensando que posso me esconder de Ti. Sinto medo e vergonha. Fico alienado em relação à Tua sondagem. Como sou um bronco, um ignorante quando não valorizo a Tua onisciência. Vivo muitas vezes como se Tu não estivesses em todo lugar ao mesmo tempo! Como se não conhecesses todas as coisas! Tu és o Deus Amoroso (o Teu amor é muito maior que o amor de mãe, Is 49.15), Misericordioso (as Tuas misericórdias se renovam a cada manhã e elas não têm fim, Lm 3.22), Santíssimo (Tu nos ordenas a que sejamos santos porque Tu és Santo, Lv 19.2), Gracioso (a Tua graça tem se manifestado trazendo salvação, Tt 2.14), Bondoso (o profeta Naum diz que Tu és Bom, Na 1.7) e sempre Fiel a Ti mesmo, pois ainda que sejamos infiéis Tu permaneces Fiel porque não podes negar-Te a Ti mesmo, 2 Tm 2.13)! 

Senhor, que eu viva os dias com os quais Tu me presenteias com temor e tremor! Que eu saiba que Tu és o Deus de amor, mas também de severidade. Tu és o Deus Santíssimo, revestido de Glória e Majestade. Estás no trono reinando soberanamente (Ap 4.1-11). És o Pai sensível às nossas múltiplas necessidades. Só Tu podes supri-las em Cristo Jesus (Fil 4.19,20). Tu és o Deus da graça que nos aceita plenamente em Cristo Jesus. O nosso coração descansa em Ti, que nos perdoa por causa de Ti mesmo e do Teu amor por nós. Tu és o Deus que nos traz segurança perfeita pelo Teu amor revelado em Cristo (Rm 8.38,39).


Jesus em nós

Os sacerdotes intermediaram o Teu povo na relação contigo. Os profetas falaram de Ti ao povo. Trouxeram o Teu recado. Revelaram as manifestações do Teu juízo e do Teu amor. O Senhor Jesus trouxe a Ti mesmo a nós! Que benção, que alegria e que paz! O Teu Filho nos prometeu a paz (João 14.27). As minhas entranhas são recriadas por causa de Ti mesmo, Deus Sublime, Pai incomparável. Tu me recebes no Teu coração com festa, com júbilo por causa do Teu Filho, o Senhor Jesus Cristo, que a Si mesmo se deu por mim!

Como Agostinho, quero Te dizer: "Senhor, Tu me conheces como eu sou. Já Te disse com que fruto me vou confessando a Ti. Não te faço esta confissão com palavra e vozes da carne, mas com palavras da alma e gritos do pensamento, que Teus ouvidos já conhecem. Quando sou mau, o confessar-me a Ti é o mesmo que desagradar-me a mim próprio; porém, quando sou bom, o confessar-me a Ti só significa que não atribuo nada a mim, porque abençoas, Senhor, o justo e o justificas. Assim, ó meu Deus, a confissão que faço na Tua presença é e não é em silêncio. É em silencio quanto às palavras; mas é em clamor quanto aos afetos. Nenhuma verdade digo aos homens que Tu já antes não tenhas ouvido. Nem me ouves nada que já antes não tinhas dito" (Confissões, p. 240). 

Senhor, se Tu és por mim, quem será contra mim? Tu me amas tanto que não poupaste o Teu próprio Filho e O entregaste por mim na cruz. Sei que Tu me darás com Ele todas as coisas. Quem, portanto, trará acusação contra mim, Teu filho, salvo pela graça mediante a fé? És Tu que me justificas em Cristo Jesus. Tenho a certeza absoluta de que nada, absolutamente nada me separará no Teu amor que está em Cristo Jesus, meu Senhor (Rm 8.31-39). Estas verdades, Senhor, fazem sossegar a minha alma. Saber que Tu Te importas comigo é deleite, é prazer em Ti mesmo! Como diz Paulo, "todas as coisas são DELE , por ELE e para ELE. A ELE seja a glória eternamente! Amém. (Rm 11.36). 

Pai, livra-me de mim mesmo - das minhas taras, dos meus desacertos, das minhas incoerências, do meu vitimismo, das minhas maldades, mágoas, dos meus ressentimentos, traumas e juízos temerários que faço dos outros! Que eu sempre possa amar-Te por quem Tu és! Amar-Te de todo o meu coração, de toda a minha alma, de todo o meu entendimento e com todas as minhas forças e ao próximo como a mim mesmo (Mt 22.34-40). Não permitas que eu Te adore com base em interesses escusos e segundas intenções! Ensinas-me a descansar em Ti mesmo e sempre para o Teu louvor e a Tua Glória!


AUTOR: Oswaldo Luiz Gomes Jacob 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

"LÍDERES, DEVOLVAM A MINHA IGREJA!"


“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo a necessidade de cada um. Perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que iam sendo salvos” (Atos 02:42-47).


Líderes, devolvam a minha igreja.
Eu confesso que acho esta frase um pouco pesada. Mas admito que ela faz sentido em se tratando da Igreja Evangélica no Brasil. Partindo, então, deste princípio, em que os líderes estariam usurpando a igreja de Jesus?

1 – Na ênfase da pregação

Em toda a história da Igreja Evangélica no Brasil, nunca se vendeu tantos livros e se fez tantas palestras e conferências sobre como fazer uma igreja crescer. Esse processo evidencia que algumas lideranças estão trocando a ênfase dada por Jesus no amadurecimento da igreja pela lógica do crescimento. É preciso entender que o crescimento da igreja é problema do Espírito Santo. O texto bíblico acima mostra que os apóstolos ensinavam e os discípulos perseveravam nas doutrinas, aprendendo que a obra de Deus é o próprio homem, aprendendo que estão sendo transformados segundo a imagem de Jesus Cristo.

Deus quer que tenhamos o caráter de Jesus. Ser cristão é sair do estado de rebelião para o estado de adoração, e adorar é reconhecer que a vontade de Deus é o que existe de correto no universo. Cultuar a Deus é fazer tudo que Jesus faria se estivesse em nosso lugar. Na igreja de Jerusalém os membros estavam crescendo em ser como Jesus, e crescer é viver em comunidade.

Os líderes precisam compreender que pastorear não é trabalhar até que se tenha uma congregação imensa, mas investir no ser humano de tal modo que ele aprenda a ser como Jesus e a amar cada vez mais os outros irmãos. Quando a ovelha está com um problema, ensina-se a ele a lidar com aquela situação da forma como Jesus lidaria. Se ela desenvolve antipatia por um semelhante, mostra-se a ela que é preciso olhar para aquela pessoa como Jesus olharia.

Mas este movimento que faz as lideranças buscarem desesperadamente pelo crescimento numérico está levando a igreja a ficar cada vez mais egoísta. As músicas demonstram isso. Onde está o “nós”?

As canções só se referem à primeira pessoa, como se não fosse importante que a obra de Deus alcançasse a comunidade, mas apenas o indivíduo. Isso está fazendo o homem acreditar que tudo é para ele.

Olhando para a história bíblica, veremos que Moisés abriu o mar, quando estava libertando escravos; Jesus dominou o vento e a tempestade quando estava indo libertar o gadareno; o mesmo Cristo multiplicou os pães e os peixes para alimentar uma multidão. Mas, hoje, qual é a motivação para se buscar milagres?

Os apóstolos levavam os discípulos a orar, a ler a Bíblia, a crescer espiritualmente em prol da comunidade. Na congregação desenvolvia-se o sentimento de união, de solidariedade. Os líderes atuais, entretanto, precisam tomar estes exemplos, pois usurpamos a igreja e transformamos Deus em um criado.

2 – Na mensagem

Ao iniciar o seu ministério, Jesus dizia que o reino de Deus estava chegando. As pessoas deviam se arrepender de suas práticas e jeito de ser errados. Elas deviam reconhecer que carregavam dentro de si o mal.
E, hoje, a mensagem continua sendo a mesma, as pessoas continuam precisando admitir sua condição decaída de pecado, continuam precisando reconhecer que são criaturas fora do padrão de Deus.

Mas não se fala mais que o indivíduo está em rebelião contra Deus. Temos transferido a culpa para o diabo. No entanto, precisamos entender que são os homens que abriram a porta do coração para ele entrar. E, ao invés de chamar a atenção do homem para esta situação, os profetas estão trocando a mensagem do arrependimento pela mensagem da bênção. “Venha buscar a sua bênção”, é o que se anuncia.

É por isso que vemos tanta gente convertida, comprometendo-se em mudar, mas sem condição de assumir um novo caráter. Elas passam a frequentar igrejas, mas não conseguem deixar de mentir, adulterar, drogar-se, cobiçar. O interior delas não está sendo trabalhado, a mensagem do arrependimento e da mudança de direção não está sendo pregada, as pessoas não estão indo às igrejas para se tornarem semelhantes a Jesus. Usar o nome de Deus com interesses próprios, para ganhar dinheiro e status, é blasfêmia, porque é blasfêmia confundir o que santo com o que é humano. E a igreja não está se importando, porque perdeu o temor de Deus.

A igreja não se incomoda mais em se relacionar com Deus só para receber coisas. Outro dia, soube de um rapaz que afirmou ficar sem dar glória a Deus até que o Senhor lhe respondesse positivamente ao pedido que fez. O povo está perdendo o temor de Deus, e quando se perde o temor de Deus, ganha-se medo do diabo, tornando-se alguém supersticioso. Usurpamos quando não ensinamos que o homem deve temer a Deus. A mensagem não pode mais ser “Venha buscar a sua bênção”. A mensagem tem que ser “Arrependei-vos”.

Conclusão


A Bíblia ensina que pastorear é ser exemplo. E ser exemplo é dizer ao rebanho o que Paulo disse: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” (I Co. 11:01). Primeiro, é necessário ser exemplo de arrependimento, mostrar que está em constante quebrantamento diante do Pai celeste e que só está de pé porque Ele sustém. O líder também tem de ser exemplo do que é ser ovelha de Jesus. Afinal de contas, se não formos como Jesus, seremos como quem?


AUTOR: Ariovaldo Ramos

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

"OVELHAS OU BODES!"



Eu, o Senhor Deus, digo o seguinte a vocês, o meu rebanho: "Eu vou julgar cada um de vocês. Vou separar os bons dos maus, as ovelhas dos bodes".  Ezequiel 34.17



Certa vez fui abordado por uma pessoa que reclamou que seus pastores nunca tinham sido pastores para ela. Amorosamente perguntei-lhe: "você já foi ovelha para eles?"

Todos sabem que ovelha é a fêmea do carneiro, cujo filhote chama-se cordeiro. Esses três nomes são usados pela Bíblia para traduzir o símbolo de mansidão e submissão. A ovelha é conhecida como sendo dócil, mansa, tratável, ensinável e indefesa. Ela se alimenta de capim fresco e produz lã o tempo todo.

O próprio Jesus foi conhecido como o cordeiro de Deus (Jo. 01.29; At. 08.32). O profeta Isaías já tinha predito que seu comportamento seria como de uma ovelha, com a forte marca de mansidão e humildade (Is. 53.07). Mas foi o cordeiro sem pecado, defeito ou mancha (1 Pe. 01.19). O cordeiro perfeito, tornando-se modelo a ser seguido por todo o rebanho. É curioso notar que Jesus também é reconhecido como sendo o grande Pastor das ovelhas (Hb. 13.20), ou, nas palavras de Pedro, o Supremo Pastor (1 Pe. 05.04). Ele mesmo se apresenta como sendo o bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas (Jo. 10.11, 14).

Pense bem em como a Bíblia apresenta nosso mestre: o grande pastor que tem um coração de cordeiro (Fp. 02.08; Hb. 05.08). Por isso ele levanta homens e mulheres para exercerem o ministério pastoral exigindo destes o mesmo coração de cordeiro. O pastor deve ser modelo ao rebanho. Mas modelo em que? Modelo como ovelha dócil e obediente. Assim, os melhores pastores são levantados do meio das ovelhas e nunca devem perder a característica de boas ovelhas. Pastores que não são boas ovelhas não são confiáveis (1 Pe. 05.02, 03).

A ovelha fica aflita e exausta quando não tem um pastor cuidando dela (Mt. 09.36). Ela tem prazer em ouvir o ensino de seu pastor (Mc. 06.34) e seguir sua voz (Jo. 10.27). Ela é conhecida e chamada pelo seu próprio nome ao ser conduzida com segurança quando tem que sair do aprisco (Jo. 10.03) para enfrentar o mundo lá fora. A verdadeira ovelha sabe discernir e não dá ouvidos à voz de ladrões e salteadores (Jo. 10.08). Merece ser cuidada por um pastor de verdade que dará sua vida pelas ovelhas que ama (Jo. 10.11) ao invés de fugir quando o lobo se aproxima (Jo. 10.12). Quando por alguma razão a ovelha se perde no caminho, espera ansiosa a atitude prudente e amorosa de seu pastor que sai para seu resgate (Mt. 18.12) e tem grande prazer e alegria quando a encontra (Lc. 15.06).

Por sua vez, cabra é a fêmea do bode, cujo filhote chama-se cabrito. Assim como a ovelha, emite um som chamado de balido (o conhecido "bééé"), mas tem características totalmente diferentes, sendo uma figura que representa um coração duro e rebelde. O bode é conhecido por ser repentino, traiçoeiro, fedido, marrento. Ele se alimenta até de lixo, busca sua própria defesa e não teme os humanos, podendo ser violento. Não aceita autoridade, muito menos repreensão, tornando-se desobediente e intratável.

Na igreja podemos encontrar as ovelhas e os bodes (Mt. 25.32). Ambos estão se beneficiando das pastagens, do conforto do aprisco, mas um tem um coração submisso e outro uma natureza rebelde. E você, é uma ovelha genuína, uma ovelha com manias de bode, ou é um bode?


AUTOR: Rodolfo Garcia Montosa


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

"ANTES DE DESISTIR!"



“Mas a esperança volta quando penso no seguinte: O amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Senhor! Deus é tudo o que tenho; por isso, confio nele.” Lm 3.21 (NTLH)

Não existem estatísticas precisas, mas muitos pastores e líderes têm desistido do ministério, quer seja por causa do desânimo, pela dificuldade em obter resultados, pelas decepções com pessoas, ou pelo fascínio com outras coisas deste mundo. Sobre os que permaneceram firmes, arrisco-me afirmar que em algum momento pensaram em desistir pelos mesmos motivos. O que faz com que pessoas permaneçam e outras desistam?

A primeira característica evidente dos que permanecem firmes é uma profunda convicção de seu chamamento ao ministério. Mantém acesa a chama do primeiro amor ao Senhor e nunca deixam apagar de sua memória os momentos que marcaram esse chamamento. Renovam-se diariamente na presença do Senhor em seu momento devocional, deliciando-se na Palavra e socorrendo-se na oração. Sabem apreciar as grandes obras de Deus e ficam assombrados com o caráter do Senhor.


Outra característica notável nestes guerreiros é a capacidade de restringir suas expectativas e reconhecer os limites pessoais. Ao dosar melhor o que esperar, descansam na soberania de Deus. Se acontecer algo maravilhoso, reconhecem que foi a ação do Senhor. Caso o caos ao redor não apresenta melhoras, insistem na oração. Se a realidade de qualquer forma não mudar, mantém sua firme convicção que Deus tem seus propósitos, meios e tempos. Pode parecer certo conformismo, mas é mesmo. Afinal, sabem que Deus é Deus!

Percebo que muitos destes maratonistas no ministério adotam a prioridade de relacionamentos acima de tudo. Fazem amigos na caminhada. Tem sempre alguém com quem conversar, dar risadas, chorar, discutir, ou mesmo simplesmente ficar em silêncio.

Não são testemunhas isoladas das circunstâncias que os cercam, mas tem sempre algumas pessoas contando a história junto, pois viveram juntos. Respeitam, ouvem, mas também falam e são ouvidos. Muitas vezes são o instrumento de Deus para a visão exata para o momento, mas aceitam se a direção sair da boca do companheiro. São livres do desejo de serem proprietário das idéias.


Assim também aconteceu com o profeta Jeremias que estava a ponto de desistir de tudo e da própria vida. Contudo, ao invés de focar os problemas ao redor, as dificuldades nos relacionamentos, as frustrações do pouco resultado, o profeta conduziu seu coração ao que traz esperança. Faça isso também!


AUTOR: Rodolfo Garcia Montosa.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

"A PRIMEIRA PEDRA!"


Era uma festa religiosa. O povo de Deus espalhado por toda a Judeia saía de suas casas para adorá-Lo. A cidade de Jerusalém estava lotada. Não havia hospedagem para todos. E muitos peregrinos armavam suas tendas para poder participar desse momento de encontro com Deus.

Só que no meio da busca por Deus, ainda há a natureza pecaminosa que insiste em se rebelar contra o Criador. Os dois se olharam. Foram atraídos. Os hormônios clamaram. Ficaram cegos pelo desejo. Não atinaram para as conseqüências. Entraram na tenda para satisfazer a paixão. Enquanto praticavam o ato, o marido chega e pega a sua esposa em flagrante adultério.

Ele não hesita. Leva-a para o templo para que o Sinédrio julgasse o caso. O delito foi a quebra do sétimo mandamento: "Não adulterarás" (Ex. 20.14). A pena era a morte: "Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera" (Lv. 20:10). O modo de execução poderia ser o apedrejamento (Dt. 22.22-24). No tempo de Jesus havia se tornado prática.

Enquanto isso, Jesus ministrava no templo. Os fariseus não sabiam o que fazer, pois as pessoas queriam ouvi-lo e o consideravam, no mínimo, um profeta. Nesse contexto, a polícia do templo traz a mulher. Deveria ser julgada pelo Sinédrio. Mas disseram: "vamos ver como Jesus julgará o caso?"

A mulher fica de pé no meio da multidão. Jesus estava sentado, escrevendo com o dedo no chão. E lhes disseram: Na Lei que Deus havia dado por intermédio de Moises, tais mulheres deveriam ser apedrejadas - e Tu o que dizes? (Jo. 08.04-05).

Se Jesus dissesse que não era para apedrejá-la, iria de encontro a Lei de Moisés, que eles obedeciam. Se Jesus dissesse para apedrejá-la, estaria indo contra a lei de Roma, que dizia que os judeus não podiam executar pena de morte, só por meio de uma sentença romana - foi o caso quando pressionaram Pilatos para que condenassem Jesus à morte.

Dependendo da resposta, Jesus poderia ser culpado de desobedecer a Lei de Deus ou a Lei de Roma. E assim, ficaria desacreditado perante o povo. Jesus escreve com o dedo no chão, sem dar resposta e eles insistem: "Mestre, que devemos fazer com essa mulher?" Qual seria a resposta de Jesus? Ninguém poderia ter dado uma resposta tão sábia e graciosa! "Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra". (Jo. 08.07).

Cada um reconhecendo suas próprias faltas e pecados, inclusive os religiosos que eram os acusadores e deveriam ser os juízes da mulher. Do mais velho ao mais novo cada jogou sua pedra no chão e saíram,  ficando a mulher sozinha com Jesus. Somente Ele poderia atirar a pedra, mas não o faz. Ele não veio para condenar, mas para salvar (Jo. 03.17).

O grande fato da realidade humana é que todos nós nascemos em trevas, pecadores por natureza. Jesus foi fantástico na sua resposta, mostrando:

1) a depravação dos religiosos com sua hipocrisia.

2) a depravação da mulher que era casada e traía o marido (ou noivo).

O pastor puritano Matthew Henry comenta a resposta de Jesus de forma magistral: 

1) Quando encontrarmos faltas em outros, devemos refletir sobre nós mesmos, e ser mais severo contra o pecado em nós do que nos outros; 

2) Devemos ser favoráveis, não ao pecado, mas às pessoas, e tentar restabelecê-las com espírito de mansidão e entendermos a nossa própria natureza corrupta. Nós somos, ou já fomos, ou podemos ser o que ela é; 

3) Ao contemplar o pecado dos outros devemos olhar para nós mesmos e conservar-nos puros."

Cuidemos para que não sejamos como aqueles acusadores, com pedras nas mãos, prontos para julgarmos e condenarmos. Pois devemos entender que somos como a mulher adúltera, um(a) pecador(a). Diante de Jesus, à luz da sua divindade e glória, somos todos carentes da sua graça e misericórdia.

No entanto, Jesus de forma alguma é conivente ou apóia o pecado. Mas, como Deus, age com misericórdia com aqueles que se arrependem (Pv. 28.13). Por isso,  finaliza com a seguinte palavra de exortação à mulher: "vá e não peques mais" - Deus perdoa aqueles que se arrependem, mas deseja que não se cometa mais o erro. Enquanto tivermos vida nesse mundo e nos arrependermos dos nossos pecados, Deus nos dará uma segunda chance."A misericórdia triunfa sobre o juízo" (Tg. 02.13b).


AUTOR: Pastor Robson Rosa Santana